sábado, 8 de outubro de 2011

PENSANDO...VIVENDO

      A lua crese no azul-marinho,marinheira de muitas viagens e renovados retornos.A Mulher de Óculos aspira o ar do vento que dança nos fios,nos telhados,no balançar dos galhos,cabelos esvoaçantes numa cabeça -balão,tam -
bém quer voar,que passeia conduzida pelo brilho também das estrelas.Expira alguma tristeza.Suspira.E lá está a banca,o encontro amigo e a conversa que muitas vezes flui
ao sabor da amizade.Encontra-se gentes por lá.Ouve-se histórias ,entrega-se moedas -latinhas que pesam na bolsa e recebe-se o companheiro amargo,sem graça e necessá -
rio,facilmente descartado ,cinzas no cinzeiro,lixo.
       A Mulher de Preto é toda animação:cabelos curtos,agi -
lidade mental.Esfuziante comenta música,com sonoridade de quem aprecia e com firmeza de quem conhece.A Mulher de Óculos interessa-se pelo que ouve,música falada também tem sabor na memória de vozes,ritmos, nomes:Elis Regina,
consenso nacional;Pixinguinha,ah,"A ROSA",universal.
"Je t'aime,moi non plus",concordamos ,a genialidade do autor numa música que embala e os embalos de uma mulher
gemendo em gozo ...transcendental?????O gozo que ultra -
passa do não-ser para o ser,que liberta o ser para ser vibrante,qual mágicas cordas de um violão que geme ao toque refinado e ardente do artista.Seria a mulher Brigitte Bardot????Não,era Jane Birkin,também namorada
também sucesso inquestionável em filmes de curvas e volúpias,olhar de menina...sedução de mulher.
      A Mulher de Óculos acompanha a fala da alegre Mulher de Preto e tenta concentrar-se ,não sem a ajuda do Senhor Disfarçado,na contagem das latinhas e o alívio do
anunciado fio de fumaça,pois ainda estamos na liberdade da rua.
      Respeitar e entender.Respeitar e aceitar.Afinal,o que é respeeitar?Quedar-se muda aos argumentos alheios????
Argumentar,sem interferir.Toda argumentação pode,mes -
mo sendo"suave" parecer um insulto,pois donos das verdades somos e nem sabemos o que é a verdade.Chama atenção a Mulher de Preto:todos a ouvem,pela paixão que eleva o tom de voz das pessoas,de um modo geral.Chama atenção a Mulher de Óculos,a falar mais e mais baixo,ma  -
neira  sutil de dizer,olhem,estou aqui.
        E assim cresce a lua no céu.Outras conversas vão entrelaçando-se,criando um movimento agradável de vai e vem,um jogo de pingue pong no qual,às vezes,a bolinha fica presa com o mesmo jogador,mas no qual,felizmente,são todos vencedores,as perdas,ficarão a critério e no íntimo de cada um,concordando,todos,o quanto é bom conversar,se expor,argumentar e divertir-se  com nossas razões,certa  -
mente as melhores,escondidas em nosso íntimo,regadas pela vaidade de sermos falantes não de "abobrinhas",mas de assuntos "culturais" que elevam nossa capacidade men-
tal,aumentam nosso conhecimento,como se música ou cinema pudessem ser mais do que são.
         E a lua,com cara de meio sorriso,a tudo assiste e aos poucos,lentamente,completa seu arco no céu,impassível a
nossas falas.Não tem compromissos,pode passear tranquilamente e,os que tê olhos para vê-la,encantam-se com o melhor que pode oferecer:sua eterna e silenciosa beleza.
(Rosângela Benati)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

APONTAMENTOS: PENSANDO...

APONTAMENTOS: PENSANDO...: Melhor ser dona de algo assim.Pensava na resposta,ouvida já tantas vezes"Não sou este homem".E não era mesmo.Não naqueles momentos.Ela apena...

PENSANDO...

Melhor ser dona de algo assim.Pensava na resposta,ouvida já tantas vezes"Não sou este homem".E não era mesmo.Não naqueles momentos.Ela apenas começara a pensar que existiam possibilidades.A possibilidade de estar muito intimamente com um homem;a possibilidade de que este homem existisse;a possibilidade de que o encontro fosse possível...Poderiam ter muitas e muitas diferenças,comprreensíveis para quem é dois ou,melhor,para duas pessoas que são cada uma,uma.Única.Verdadeira.Havia,entretanto,uma igualdade da qual ela não abria mão:a delicadeza.Diferente de ótimos modos ou regra de etiqueta.A delicadeza interior,tão assustadora para alguns homens.Comum em pouquíssimos - nos que se permitiam sentir,sem defesas e sem vergonhas.Seria uma "qualidade",uma característica feminina.E disto muitos têm medo.Alguns,apenasmente sedutores,usam e abusam dela,pois no desejo único de ter,de possuir momentaneamente,tudo vale.Ele era assim,em muitos momentos.Assim sedutor.Assim sensível.Depois...recolhia-se,defendido,pois não gostava de confundimentos.Muito menos de confusões.E não gostava nadinhsa de confissões.Ás vezes,parecia dois,havendo um duplo de si mesmo.Bem ,pensava ela,todos temos um duplo de nós mesmos.E a delicadeza amorosa consistia,para ela,em unir-se,ser um só,com o Outro e com nosso duplo.Não há medos então.Tudo torna-se possível quando,unidos,podemos entregar quem somos.Podemos dar este alguém inteiro.E nisto consistia o presente maior,o momento pelo qual vale a pena esperar.Por isto demorava tanto.Delicadeza,sinceridade e sensibilidade não se constroem rapidamente.Depois de muito burilar o que é grotesco,o que é comum,o desejo de consumir,então estaremos prontos para o desejo de tão somente nos entregar.Ah,pensava ela,às vezes uma vida é pouco.Não uma vida movida ao que se faz ou diz cotidianamente,cumprindo o ritual da boa convivência,mui -
tas vezes social,embora acreditemos que haja sentimentos e amizade.O que são????????O amor é tão diferente disto...Conseguimos unir os duplos e separando-o do Outro,pensar mais e mais Nele.É isto possível para seres tão intrinsecamente egoístas como são,comumente e normalmente os seres humanos???????Ela assim gostaria que fosse e acreditava,com algum receio,poder ser assim,em alguns momentos.Na maior parte do tempo fazemos e dizemos o que pensamos que agrade ao Outro.E assim ficamos tranquilos,sem nem desconfiar,mui -
tas vezes,que agimos por vaidade.Talvez não haja vaidade maior do que a de pensar-se humilde.Queria muito dizer-lhe o que é para ser o não-dito.Ele já dissera"Não precisas dizer","Eu sei e não precisas dizer".Então,que ficasse tranquilo:não era Ele."Ele" gostaria de ouvir,precisaria ouvir,muitas e muitas vezes,lambuzar-se de ouvir,como quando é tão gostoso o sorvete de chocolate.Ele fechava-se então em suas grandes questões,preocupações nada ordinárias,que consomem o tempo de quem quer VIVER.Para ela,a preocupação maior era:POSSO eu realmente amar???????????

terça-feira, 30 de agosto de 2011

APONTAMENTOS I

   Aprendendo a lidar melhor.Com os dois.Um,público.Outro,por enquanto,meu.
             Outro dia.Outra sessão.Pequeno passo.Feito um caracol,lentpo.Feito um caranguejo,desconfiado.Enquanto notícia não vem,por que esperar notícia????O que acontece enquanto se espera????Há muito.Alguns dizem que vivem em ciclos.E que,fechado um,inicia-se outro,diferente e sem referenciais do primeiro,que passa a ser "uma fase" que passou.Meus ciclos não encerram-se completamente.Abre-se um novo olhar,que altera,às vezes radicalmente,o que vinha acontecendo.Mas o acontecido não é passado.Continua-se conectado,pessoas importantes continuam a importar.Parece mais um adequar mais as visões ,as perspectivas.Olhar para algo como se estivesse no passado,mas revisitado num agora presente e continuado em sua existência.Como contigo.És o mesmo e não és.Sou a mesma e não sou.Parte do que era,deixou de ser.Parte do que era,continuará sendo.Assim defino os sentimentos.Gostar é sem tempo.

APONTAMENTOS I